Cogumelos. A IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA

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Os fungos são componentes importantes do ecossistema, representando um papel de equilíbrio dos espaços florestais. A ocorrência dos fungos, surge em diversos tipos de habitats, mas será na floresta que os encontramos com maior frequência e diversidade.
A ocorrência dos fungos, surge em diversos tipos de habitats, mas será na floresta que os encontramos com maior frequência e diversidade. É nestes espaços que os fungos encontram as condições que melhor garantem as suas necessidades fisiológicas, representando igualmente um papel essencial para o equilíbrio dos espaços florestais, através das diferentes relações que estabelecem com as outras espécies e que poderão ser, essencialmente, simbiótica, saprofitica ou parasítica, desempenhando ainda um papel importante nas cadeias tróficas como alimento de alguns animais. As espécies macrofúngicas podem então ser classificadas em distintos grupos ecológicos:
  • Micorrízicos – associação com as raízes de uma planta, constituindo a denominada micorriza, com a qual a planta aumenta a sua capacidade de absorção dos elementos minerais, e como troca o fungo obtém dela as substancias orgânicas necessárias para sobreviver (associação simbiótica);



  • Saprófitas – estes fungos desempenham um papel crucial como decompositores da matéria orgânica, mineralizando-a e colocando-a de novo à disposição das plantas;

  • Parasitas – fungos que vivem sobre plantas e animais, provocando, por vezes, graves doenças ou até mesmo a morte aos seus hospedeiros.
  • Tempo de vida do carpóforo - podem viver desde apenas algumas horas até mais de um ano;

  • Sazonalidade das frutificações – fortemente relacionada com as condições climatéricas;

  • Flutuações - em que as condições climatéricas condicionam a produção de esporocarpos.


Contudo, pequenos passos começam a ser dados em Portugal. Em várias áreas protegidas têm vindo a ser desenvolvidos trabalhos de inventariação de macrofungos. É essencial a compilação desta informação e que estes sejam trabalhos continuados. É igualmente indispensável a sensibilização de todos sobre a importância dos macrofungos, com o seu papel fundamental na ecologia e o seu lugar de destaque na esfera económica.
“Desde há alguns anos que a necessidade de fornecer protecção adicional às espécies fúngicas foi reconhecida dentro do grupo da Convenção de Conservação da Vida Selvagem e Habitats Naturais da Europa (Convenção de Berna). Até ao momento, não existem espécies fúngicas representadas nos Apêndices da Convenção.” Uma das razões reside no facto do “estado de conservação de muitas espécies ser desconhecido (...) ” (
in Swedish proposal to include fungi species in Appendix 1 of the Bern Convention, 2002).
Efectivamente, uma das formas de colmatar esta lacuna consiste na criação das listas vermelhas nos diferentes países. Se já foi difícil definir o estatuto de novidade das espécies para Portugal, definir o seu estatuto de conservação é sem dúvida ainda mais complicado. Tomando esta situação em consideração apresentam-se seguidamente alguns itens para a conservação dos macrofungos no seu todo.
Considera-se então necessário:


  • conservação dos seus habitats, pois só assim será possível garantir a sua conservação;

  • sistematização da informação já existente sobre a ocorrência das espécies macrofúngicas, de forma a tornar a sua consulta mais simplificada;

  • realização de estudos de inventariação dos macrofungos, contribuindo para o crescimento do conhecimento relativo ao nosso património fúngico;

  • investir na formação de técnicos especializados na área dos macrofungos;

  • regulamentação da colheita de cogumelos, realidade com relevância económica mas que não tem qualquer instrumento legal que a regule;

  • sensibilização da população para a importância dos macrofungos no equilíbrio ecológico.

  • A implementação destas medidas permitirá a criação de uma Lista Vermelha de fungos para Portugal, a sua conservação e uma boa gestão do património micológico.

Fotos da actividades

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No dia 27 março realizamos a nossa actividade, que consistia na plantaçao de arvores assim deixamos aqui algumas fotos:








Fim de actividade

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Depois de alguns meses onde publicamos as árvores da semana no nosso blog, lamentamos que esta actividade tenha chegado ao fim.
A todos os seguidores do blog, informamos que futuramente iremos colocar as fotos da actividade realizada em Abril, sendo esta uma plantação de árvores autóctones na área ardida da nossa zona.
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Dispersão de bolota pelos vertebrados dos montados de sobro da Serra de Grândola

Nos montados de sobro da Serra de Grândola estão a ser monitorizados o consumo e a dispersão de bolotas por aves e mamíferos, fenómenos que podem afectar decisivamente a regeneração natural do montado.

Uma das maiores ameaças à manutenção dos montados de sobro é a baixa capacidade de regeneração natural, o que leva a que um dos principais e primeiros objectivos de conservação previstos no Plano da Rede Natura para este ecossistema, consista em “Recuperar o potencial de regeneração natural do coberto florestal na restante área ocupada pelo habitat em causa” (Aguiar, C. 2005, www.icn.pt).

Sabe-se actualmente que são diversas as espécies de vertebrados que utilizam as bolotas, como alimento principal (Gaio, Rato-do-campo, Javali, gado doméstico, mas também diversos insectos) ou como eventual complemento da dieta (mesocarnívoros, como o Texugo e a Raposa, mas também diversas aves). Sendo um tipo de semente altamente energética e abundante no montado, constitui um elemento de elevadíssimo interesse alimentar, estando portanto, sujeita a grandes pressões por parte dos seus inúmeros predadores.

Por outro lado, considera-se que esta predação das bolotas é um factor decisivo integrante da estratégia de dispersão da planta a longas distâncias que, em conjunto com o seu posterior enterramento, pode ser bastante benéfico, pois possibilita a dispersão de sementes perdidas ou esquecidas num habitat adequado à sua germinação (Loman, J. dados não publicados). De outra forma, todas as sementes estariam sujeitas apenas a uma dispersão abiótica vertical, o que se revela um factor altamente negativo para a regeneração natural, pela pouca probabilidade de germinação e estabelecimento dos novos rebentos, em torno da árvore-mãe. Os vertebrados que enterram estas sementes, como as aves e mamíferos, são de um modo geral, agentes dispersores efectivos destas espécies vegetais, uma vez que existe o potencial recrutamento de novas plantas a partir de sementes não recuperadas pelo animal (Herrera, 1995).

Pretendeu-se com este trabalho identificar os principais vertebrados dispersores/predadores de bolota nos montados de sobro da Serra de Grândola. Na Herdade da Ribeira Abaixo, estação de campo do Centro de Biologia Ambiental localizada nesta serra, foi implementado um sistema de avaliação da remoção de bolota numa área com baixa densidade de ungulados (tanto domésticos como silvestres) no âmbito do projecto “Impactos da herbivoria e da remoção de bolota na regeneração do montado de sobro”, financiado pelo Programa Agro (Projecto Agro 669/ 2003.09.0024525.2). Recorrendo-se a sistemas de vídeo-vigilância, foram obtidos registos filmados de remoção de bolota pelos animais.

Foram colocados 4 conjuntos de alimentadores (cada conjunto constituído por dois alimentadores) em 4 locais distintos e afastados entre si:

-dois conjuntos em vertentes viradas a Norte, em zonas de bosque (com sub-coberto arbustivo denso) e próximos de ribeiras (B1 e B2);

-dois conjuntos em vertentes viradas a Sul em áreas abertas, com poucas árvores e sem sub-coberto arbustivo, sem qualquer curso de água na proximidade
Os alimentadores foram construídos com madeira de pinho, de cor clara, com as dimensões de um quadrado com 50cm de lado. Em cada conjunto, um dos alimentadores (“topo”) foi instalado no cimo de um poste também de madeira, ficando a aproximadamente 1,70m do chão. O outro alimentador (“chão”) foi colocado ligeiramente enterrado, ficando ao nível do solo. Em todos foram feitos orifícios na sua base para escorrimento de água das chuvas.

Cada sistema de vídeo-vigilância foi composto por duas câmaras com leads de infravermelhos, ligadas a um quad e um videogravador, todos eles ligados a uma bateria multiusos 66mA-12V. Cada uma das câmaras foi apontada para cada um dos alimentadores do conjunto, em cada local. As horas de início de gravação variaram entre as 17:11 da tarde e as 21:13 da noite, e as horas de final de gravação variaram entre as 10:00 da manhã e as 13:52 da tarde. As filmagens foram feitas durante o mês de Junho de 2006, tendo-se obtido 6 a 7 dias de registos para cada local, num total de 448 horas de registos.

Ao longo de toda a experiência, foram removidas 1060 bolotas, tendo sido identificadas 9 espécies de animais visitantes (7 de Aves e 2 de Micromamíferos), num total de 1197 indivíduos, sendo o número de Aves superior ao de Micromamíferos (Tabela 1).

No entanto, a remoção de bolotas para fora dos alimentadores (em oposição ao seu consumo no local) ocorreu apenas por Gaio (Garrulus glandarius) e Rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), que foram também as duas espécies com maior número de visitas (693 e 466, respectivamente – Tabela 1). Verificou-se apenas uma excepção, de uma bolota removida pela Trepadeira-azul, Sitta europaea. Considerando apenas as remoções de bolota que se conseguiram apurar através dos vídeos, um total de 385 bolotas foram removidas por G. glandarius, e 112 por A. sylvaticus, sendo estes valores seguramente inferiores aos de remoção real. Foi também verificada a remoção de bolotas no chão pelo Gaio.

Considerando as taxas de remoção diária de bolota verificadas neste trabalho, podemos concluir que existe uma elevada predação de bolotas na área de estudo, assim como confirmar o Rato-do-campo Apodemus sylvaticus e o Gaio Garrulus glandarius como os dois principais predadores/dispersores de bolota nesta mesma área. Percebe-se também o valor e intensidade que pode ter este factor de remoção de bolota pelos animais na dispersão e estabelecimento das espécies de Quercus.

Apesar deste resultado, não podemos excluir a possibilidade de existir uma tendência de outras espécies, mais esquivas, para evitar áreas intervencionadas e com sinais de presença humana, como por exemplo, pistas odoríficas das câmaras, dos alimentadores e até deixadas pelos observadores.

O recrutamento de árvores de grande longevidade, como as do género Quercus, é limitado pela acção sinergística de diversas espécies de herbívoros que induzem a mortalidade dos propágulos em fases de vida consecutivas (Gómez et al, 2003). De acordo com este trabalho, e tendo conhecimento do papel do Gaio como um muito eficaz dispersor de bolotas nas áreas de Montado, podemos inferir que haverá uma tendência para um efectivo e eficaz potencial de dispersão e expansão de quercíneas na área da Serra de Grândola. Esta hipótese é sustentada pela elevada quantidade de bolotas removidas de locais de baixíssima probabilidade de estabelecimento de indivíduos (junto à árvore-mãe) e o seu muito provável transporte para outros locais onde essa probabilidade é maior.

fonte: Naturlink.sapo.pt
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Azereiro

O Prunus lusitanica (também conhecido como azereiro)

gingeira-brava ou loureiro-de-portugal), é uma espécie de cerejeira nativa do sudoeste de França, Espanha, Portugal, Marrocos e Macaronésia (Açores, Madeira e Canárias).

É considerado uma relíquia das florestas de lauráceas que dominavam a área da bacia do Mediterrâneo no Terciário. Com o fecho do mar a leste, e consequente alteração climática para um ambiente cada vez mais árido, este tipo de florestas recuou e extinguiu-se quase completamente, tendo sobrevivido em apenas alguns enclaves húmidos ou de montanha (como o norte de Portugal e Espanha, a floresta Laurissilva da Macaronésia, as montanhas marroquinas e os Pirinéus franceses e espanhóis. Foi nestes refúgios temperados que esta espécie sobreviveu até aos nossos dias.

A espécie foi cientificamente descrita pela primeira vez por Linnaeus no seu Species Plantarum de 1753. O seu restritivo específico lusitanica, refere-se à Lusitânia, o nome romano para a actual área onde se situa Portugal.

Características:

Trata-se de um arbusto ou pequena árvore perene, crescendo entre 3 a 15 metros. A casca da árvore é castanho-escura. As folhas são alternadas, ovais, com o ápice acuminado, pecíolo avermelhado, margens dentadas, coriáceas e de cor verde escura e brilhante na página superior, ligeiramente mais clara na inferior. São superficialmente semelhantes às folhas do loureiro, o que leva a que sejam por vezes confundidas. As flores são pequenas com cinco pequenas pétalas; são produzidas em inflorescências erectas ou ramificadas com um comprimento entre 15-25 cm, no final da Primavera, início do Verão. O fruto é uma pequena cereja ovóide, verde ou vermelho-esverdeado de início, tornando-se negro-purpúreo ou negro quando amadurece no final do Verão ou início do Outono.

É uma espécie rara na natureza, ocorrendo essencialmente ao longo de riachos e ribeiros de montanha, preferindo zonas ensolaradas e solos húmidos, mas com boa drenagem. É moderadamente tolerante à seca. Reproduz-se sexuadamente (o método mais eficiente) ou assexuadamente através da clonagem de rebentos.

Cultivação e usos:

É muito cultivada como planta ornamental e é utilizada como planta de vedação. O fruto é muito amargo e não comestível, mesmo quando totalmente maduro, podendo ser tóxico.




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Amieiro


O amieiro surge por todo o país, ao longo dos cursos de água e zonas húmidas em geral, suportando também terrenos um pouco mais secos. Pode atingir os 25m de altura, dá uns pequenos frutos que parecem as pinhas de algumas resinosas.
Como esses frutos se aguentam durante bastante tempo na árvore, ajudam a distinguir o amieiro das outras árvores ribeirinhas. As raízes do amieiro, contêm micro organismos capazes de absorver o azoto da atmosfera, o que aumenta a fertilidade do solo. Em contrapartida estas árvores são muito sensíveis à poluição atmosférica. A madeira de amieiro é fácil de trabalhar e polir, antigamente era muito utilizada para fazer tamancos, mas hoje usa-se mais em utensílios domésticos (garfos, Colheres) e objectos decorativos.

Choupo


O Choupo cresce com grande rapidez. Têm porte elevado, atingindo por vezes mais de 30m de altura, dá-se mal com a sombra e são capazes de ocupar em pouco tempo terrenos abandonados. Em Portugal pode-se encontrar com maior frequência as seguintes espécies de choupos:
Choupo-Comum ou Choupo Negro - Encontra-se muitas vezes ao longo de cursos de água, borda de campos cultivados, caminhos e estradas. No Minho é muito utilizado como suporte paras as vinhas de enforcado. A copa é grande e aberta para os lados, as suas folhas são largas. O tronco é alto e grosso e a casca acinzentada. A madeira usa-se no fabrico de caixas e artigos domésticos.

Choupo Branco - Costuma ter um porte maior que o anterior. O tronco é cilíndrico e menos ramificado. Encontra-se com bastante frequência em parques e jardins. Por vezes é erradamente chamado de Faia Branca. Gosta de terrenos frescos e húmidos, quase sempre junto a rios e ribeiros. É uma árvore elegante, e ideal para alinhamentos, tal como algumas variedades de choupo negro. A sua madeira é de melhor qualidade do que a dos outros choupos.

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Castanheiro


Características:

Estamos perante uma árvore da família das Fagáceas, da sua-família Castaneoideas e do género Castanea. Este género é constituído por muitas espécies. Engloba nada mais, nada menos do que 12, espalhadas por várias partes do mundo. A mais importante de todas é o nosso castanheiro - Castanea sativa.

O castanheiro é uma árvore longeva, de folha caduca, que pode atingir mais de um milhar de anos de idade. As suas folhas têm entre 10 a 20 centímetros, são dentadas, mais claras na página inferior e translúcidas quando trespassadas pela luz solar. Os seus frutos são as conhecidas e apreciadas castanhas.

Aos 8, 10 anos de idade, o castanheiro já dá fruto, no entanto só depois dos 20 é que a frutificação passa a ser um fenómeno regular. A sua produção mantém-se elevada mesmo quando já está em idade avançada (o que significa 600 anos de idade ou mais). Até aos 50 a 60 anos de idade, o seu crescimento é bastante rápido, retardando depois até ao fim da vida. Pode atingir os 45 metros de altura e a sua copa pode chegar aos 30 a 40 metros de diâmetro.

Existem 2 tipos de castanheiro - o bravo e o manso - consoante a forma de regeneração e o tipo de exploração que se pretende. A um povoamento de castanheiros mansos, vocacionados para produzir castanhas, dá-se o nome de "souto" e a um povoamento vocacionado para produzir madeira, dá-se frequentemente o nome de "castiçal".

Localização:

Podemos encontrar 12 espécies de castanheiro numa vasta extensão que passa pela Europa, Euro-Ásia e zona atlântica do norte da América. Toda a orla norte do Mediterrâneo, de Portugal ao Cáucaso, é ocupada pela espécie mais significativa - a Castanea sativa. O castanheiro americano - castanea dentata - (a segunda em importância), era comum na parte oriental dos E.U.A. até ao momento em que foi atacada por uma praga que praticamente a aniquilou. Em Itália, a área florestada com castanheiros é das maiores da Europa, atingindo várias centenas de milhares de hectares. O castanheiro também tem expressão em Espanha, França, Córsega, ex - Jugoslávia, Roménia, Hungria, Grécia, Turquia, e ainda em zonas montanhosas de Marrocos e Argélia. Foi também introduzido na Madeira, Açores e Canárias.

Em Portugal continental, o castanheiro está espalhado um pouco por todo o país, muito embora se tenha assistido durante este século a uma clara diminuição da área ocupada por esta espécie. Hoje em dia, a sua presença mais significativa verifica-se na região a norte do Tejo. É essencialmente em zonas com altitudes superiores a 500 metros e com baixas temperaturas no inverno, que esta árvore encontra as condições necessárias para o seu desenvolvimento. É o que acontece nos distritos de Vila Real, Bragança, Guarda e Alto Alentejo. Em Portugal, a área total de castanheiro ronda presentemente os 35 mil hectares.

Ao nível de povoamentos, há a destacar a região do noroeste transmontano, onde existem cerca de 12.500 ha e a serra de S. Mamede, considerada "um verdadeiro santuário do castanheiro".

Origem:

A espécie que existe em Portugal é também a que predomina na Europa - a Castanea sativa. Há conhecimentos e sinais de existir no território português há já muitos séculos, pelo que é considerada como uma espécie indígena. Contudo, há quem pense que terá sido introduzida na península ibérica, provavelmente, durante a época dos romanos.

Regeneração:

Ambos os tipos de castanheiro (bravo e manso) podem ser criados em viveiros e ambos nascem a partir do fruto - a castanha. A diferenciação dá-se por volta dos 3-4 anos de vida, quando para obter um castanheiro manso é necessário proceder à enxertia de um bravo. Em Portugal existem predominantemente cerca de 20 variedades de castanheiro manso, mas, no total, são conhecidas mais de uma centena. O castanheiro manso destina-se à produção de fruto. O bravo è cultivado em alto fuste ou talhadia, de forma a poder-se-lhe extrair peças de madeira de dimensões adequadas, que quanto maiores, mais valiosas são. O valor desta madeira é tão grande que, hoje, as peças de madeira de castanho, com o objectivo de produção de mobiliário de qualidade, são vendidas ao quilograma.

No caso de se optar pela enxertia, ela tanto pode ser efectuada no viveiro como depois da plantação. Outra técnica utilizada na regeneração dos castanheiros é a da multiplicação vegetativa com estacaria de árvores previamente seleccionadas e resistentes às pragas.

Após o primeiro período de vida em viveiro, os castanheiros mansos deverão ser plantados a um compasso que pode variar entre os 10 e os 15 metros, de forma a dar espaço suficiente para que as suas copas cresçam sem se tocarem.

Os tratamentos a efectuar depois da plantação são muito semelhantes aos efectuados em qualquer árvore de fruto. É necessário mobilizar o solo antes da plantação, sem esquecer as fertilizações químicas e orgânicas.

O castanheiro é uma árvore que tem em cada pé, simultaneamente, flores masculinas e flores femininas. Floresce no período que vai de Maio a Junho e os frutos amadurecem nos meses de Outubro e Novembro. É das flores femininas, que estão agrupadas em 2 ou 3 no interior duma cápsula espinhosa, a que se dão nome de "ouriço", que resultam as castanhas. Depois da maturação completa, o ouriço abre em 4 partes, dele se desprendendo o fruto, que tanto pode ser no número de 1, 2 ou 3.

Gastronomia:

Desde tempos imemoriais que a castanha é um produto de base na alimentação dos homens e dos animais, sendo confeccionada de todas as formas possíveis - crua, cozida, assada, em doces, em sopas, e como guarnição de alguns pratos. Antigamente, quando a produção do ano não era totalmente consumida, a que restava era transformada em castanha "pilada", seca ao fumo, em caniços (estrutura de ripas ou canas suspensas sobre a lareira), de forma a poder ser consumida mais tarde. Geralmente pilavam-se as castanhas mais pequenas.

Outro processo de conservar as castanhas é colocá-las em panelas vidradas bem tapadas ou em potes de barro cheios de areia.

Apesar de ter sido colocada num plano secundário, este fruto continua a ser muito apreciado. Mal chega o mês de Novembro e é ver as castanhas "quentes e boas" pelas ruas nas bancas dos vendedores, libertando um apetitoso cheiro.

Apesar da sua importância ter decrescido, a castanha ficou para sempre associada a vários pratos da gastronomia regional portuguesa.