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Castanheiro


Características:

Estamos perante uma árvore da família das Fagáceas, da sua-família Castaneoideas e do género Castanea. Este género é constituído por muitas espécies. Engloba nada mais, nada menos do que 12, espalhadas por várias partes do mundo. A mais importante de todas é o nosso castanheiro - Castanea sativa.

O castanheiro é uma árvore longeva, de folha caduca, que pode atingir mais de um milhar de anos de idade. As suas folhas têm entre 10 a 20 centímetros, são dentadas, mais claras na página inferior e translúcidas quando trespassadas pela luz solar. Os seus frutos são as conhecidas e apreciadas castanhas.

Aos 8, 10 anos de idade, o castanheiro já dá fruto, no entanto só depois dos 20 é que a frutificação passa a ser um fenómeno regular. A sua produção mantém-se elevada mesmo quando já está em idade avançada (o que significa 600 anos de idade ou mais). Até aos 50 a 60 anos de idade, o seu crescimento é bastante rápido, retardando depois até ao fim da vida. Pode atingir os 45 metros de altura e a sua copa pode chegar aos 30 a 40 metros de diâmetro.

Existem 2 tipos de castanheiro - o bravo e o manso - consoante a forma de regeneração e o tipo de exploração que se pretende. A um povoamento de castanheiros mansos, vocacionados para produzir castanhas, dá-se o nome de "souto" e a um povoamento vocacionado para produzir madeira, dá-se frequentemente o nome de "castiçal".

Localização:

Podemos encontrar 12 espécies de castanheiro numa vasta extensão que passa pela Europa, Euro-Ásia e zona atlântica do norte da América. Toda a orla norte do Mediterrâneo, de Portugal ao Cáucaso, é ocupada pela espécie mais significativa - a Castanea sativa. O castanheiro americano - castanea dentata - (a segunda em importância), era comum na parte oriental dos E.U.A. até ao momento em que foi atacada por uma praga que praticamente a aniquilou. Em Itália, a área florestada com castanheiros é das maiores da Europa, atingindo várias centenas de milhares de hectares. O castanheiro também tem expressão em Espanha, França, Córsega, ex - Jugoslávia, Roménia, Hungria, Grécia, Turquia, e ainda em zonas montanhosas de Marrocos e Argélia. Foi também introduzido na Madeira, Açores e Canárias.

Em Portugal continental, o castanheiro está espalhado um pouco por todo o país, muito embora se tenha assistido durante este século a uma clara diminuição da área ocupada por esta espécie. Hoje em dia, a sua presença mais significativa verifica-se na região a norte do Tejo. É essencialmente em zonas com altitudes superiores a 500 metros e com baixas temperaturas no inverno, que esta árvore encontra as condições necessárias para o seu desenvolvimento. É o que acontece nos distritos de Vila Real, Bragança, Guarda e Alto Alentejo. Em Portugal, a área total de castanheiro ronda presentemente os 35 mil hectares.

Ao nível de povoamentos, há a destacar a região do noroeste transmontano, onde existem cerca de 12.500 ha e a serra de S. Mamede, considerada "um verdadeiro santuário do castanheiro".

Origem:

A espécie que existe em Portugal é também a que predomina na Europa - a Castanea sativa. Há conhecimentos e sinais de existir no território português há já muitos séculos, pelo que é considerada como uma espécie indígena. Contudo, há quem pense que terá sido introduzida na península ibérica, provavelmente, durante a época dos romanos.

Regeneração:

Ambos os tipos de castanheiro (bravo e manso) podem ser criados em viveiros e ambos nascem a partir do fruto - a castanha. A diferenciação dá-se por volta dos 3-4 anos de vida, quando para obter um castanheiro manso é necessário proceder à enxertia de um bravo. Em Portugal existem predominantemente cerca de 20 variedades de castanheiro manso, mas, no total, são conhecidas mais de uma centena. O castanheiro manso destina-se à produção de fruto. O bravo è cultivado em alto fuste ou talhadia, de forma a poder-se-lhe extrair peças de madeira de dimensões adequadas, que quanto maiores, mais valiosas são. O valor desta madeira é tão grande que, hoje, as peças de madeira de castanho, com o objectivo de produção de mobiliário de qualidade, são vendidas ao quilograma.

No caso de se optar pela enxertia, ela tanto pode ser efectuada no viveiro como depois da plantação. Outra técnica utilizada na regeneração dos castanheiros é a da multiplicação vegetativa com estacaria de árvores previamente seleccionadas e resistentes às pragas.

Após o primeiro período de vida em viveiro, os castanheiros mansos deverão ser plantados a um compasso que pode variar entre os 10 e os 15 metros, de forma a dar espaço suficiente para que as suas copas cresçam sem se tocarem.

Os tratamentos a efectuar depois da plantação são muito semelhantes aos efectuados em qualquer árvore de fruto. É necessário mobilizar o solo antes da plantação, sem esquecer as fertilizações químicas e orgânicas.

O castanheiro é uma árvore que tem em cada pé, simultaneamente, flores masculinas e flores femininas. Floresce no período que vai de Maio a Junho e os frutos amadurecem nos meses de Outubro e Novembro. É das flores femininas, que estão agrupadas em 2 ou 3 no interior duma cápsula espinhosa, a que se dão nome de "ouriço", que resultam as castanhas. Depois da maturação completa, o ouriço abre em 4 partes, dele se desprendendo o fruto, que tanto pode ser no número de 1, 2 ou 3.

Gastronomia:

Desde tempos imemoriais que a castanha é um produto de base na alimentação dos homens e dos animais, sendo confeccionada de todas as formas possíveis - crua, cozida, assada, em doces, em sopas, e como guarnição de alguns pratos. Antigamente, quando a produção do ano não era totalmente consumida, a que restava era transformada em castanha "pilada", seca ao fumo, em caniços (estrutura de ripas ou canas suspensas sobre a lareira), de forma a poder ser consumida mais tarde. Geralmente pilavam-se as castanhas mais pequenas.

Outro processo de conservar as castanhas é colocá-las em panelas vidradas bem tapadas ou em potes de barro cheios de areia.

Apesar de ter sido colocada num plano secundário, este fruto continua a ser muito apreciado. Mal chega o mês de Novembro e é ver as castanhas "quentes e boas" pelas ruas nas bancas dos vendedores, libertando um apetitoso cheiro.

Apesar da sua importância ter decrescido, a castanha ficou para sempre associada a vários pratos da gastronomia regional portuguesa.


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